A cana-de-açúcar irrigada no enfrentamento da estiagem

Fonte: Unsplash

A cana-de-açúcar é uma gramínea nativa das regiões tropicais do sul da Ásia,  utilizada principalmente na produção de açúcar e etanol. Com caules robustos, fibrosos e articulados, a planta costuma ter entre dois e seis metros de altura.

Introduzida na região de Pernambuco na primeira metade do século XVI, a cana-de-açúcar ainda é cultivada no Brasil. Atualmente, o país é o líder mundial em produção, destinando cerca de 8,5 milhões de hectares para o cultivo da gramínea.

Nesse sentido, o cultivo da cana vem recebendo investimentos constantes não somente pela produção de açúcar, mas também pelo etanol. Seu uso vem ao encontro da Política Nacional de Biocombustíveis, que visa a redução da queima e importação de combustíveis fósseis.

Entretanto, o cultivo da cana-de-açúcar costuma sofrer ameaças constantes das crises hídricas que acometem algumas regiões produtoras. A seca que atingiu as lavouras na safra 2020/2021 e atrasou o início da moagem em 2021, por exemplo, fez com que a safra iniciasse em queda.

Igualmente, de acordo com dados da Wilmar International, a produção de cana na região Centro-Sul deve cair quase 100 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, para 510 milhões de toneladas na safra 2021/22. 

Diante desse cenário, em que o cultivo da planta tem um alto potencial de investimento para os próximos anos, como enfrentar a seca e evitar perdas?

Assim, minimizando esse problema, a irrigação vem como uma forte aliada para garantir um cultivo de cana-de-açúcar com alta produtividade e que atenda às demandas do mercado.

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A cana-de-açúcar no Brasil

 

O cultivo da cana tem seu principal incentivo na demanda pelo açúcar, já que a planta é responsável por 80% do ingrediente produzido no planeta. 

Assim, para o país líder em produção de cana-de-açúcar no mundo, essa importância não poderia ser diferente: na época dos engenhos, por exemplo, o cultivo da cana foi a base da economia do nordeste brasileiro. 

Confira, na próxima seção, o histórico da cana-de-açúcar no Brasil.

 

História

 

Um engenho de açúcar em Pernambuco colonial. Pintura do holandês Frans Post (século XVII).

A princípio, acredita-se que a cana-de-açúcar tenha chegado ao Brasil na primeira metade do século XVI. 

A gramínea de origem asiática apresentou tanta aptidão ao nosso solo e clima que, no final do século, a colônia portuguesa já era a maior produtora e fornecedora mundial de açúcar. Além disso, na época, o Brasil ainda ultrapassou as Índias e obteve o selo de melhor qualidade. 

Assim, tudo isso contribuiu para que o ingrediente se tornasse a primeira e principal fonte de renda brasileira, e esse período ficou conhecido como Ciclo do Açúcar. 

Porém, cerca de 100 anos mais tarde, a cana-de-açúcar foi ofuscada pelo brilho das minas de metais preciosos e diamantes, localizadas no atual estado de Minas Gerais. 

Embora o açúcar tenha ficado em segundo plano durante esse período, as lavouras da cultura seguiram se expandindo.

Até a primeira metade do século XX, o principal produto derivado da cana era o açúcar. Entretanto, a partir do subproduto melaço, foi realizado um experimento. Sua fermentação, seguida da destilação, resultou em um combustível: o álcool (etanol)

Nesse sentido, em 1975, ocorreu um grande estímulo para o cultivo da cana no Brasil: a criação do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), que visava atender as demandas tanto do mercado interno quanto do externo, além da política de combustíveis automotivos instalada no país. 

O projeto foi tão bem-sucedido que a produção, dez anos mais tarde, já havia dobrado, ultrapassando 200 milhões de toneladas. O sucesso consolidado do açúcar, somado ao crescimento da produção do combustível, impulsionou de vez o setor sucroalcooleiro.

Produção Brasileira de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol. Fonte: Adaptado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (2021).

 

A cana-de-açúcar em números

 

Já no século XVI, a aptidão da cana nas terras brasileiras demonstrava indícios do potencial que a região tinha para o cultivo intensivo da planta. 

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial, com destaque ao estado de São Paulo, que detém 40% das usinas, 51% da área plantada e 53% da produção de cana-de-açúcar do país. 

O açúcar brasileiro, que obteve recorde de exportações na safra 2020/21, rendeu 8,7 bilhões de dólares. Todavia, no volume de etanol produzido, os Estados Unidos, utilizando o milho como matéria prima, vem ocupando a primeira posição desde 2010. 

Assim, o Brasil vem logo atrás, com cerca de ¼ do volume mundial de etanol. Só o estado de São Paulo detém 13% do montante global da produção do combustível, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (2016). 

No ano passado, as usinas brasileiras de etanol movimentaram 1,2 bilhões de dólares e, juntamente com o açúcar, pouco menos de 10 bilhões em exportações, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior – SECEX.

 Mapa da produção de cana-de-açúcar no Brasil, construído a partir de dados fornecidos pela Conab e pela Secex. Fonte: Adaptado de G1 (2021).

 

A cana-de-açúcar e os biocombustíveis

 

No Brasil, o etanol produzido a partir do melaço da cana tem se tornado cada vez mais importante, principalmente por ser um combustível renovável.

Visando a redução das emissões de gás carbônico e, consequentemente, seus já conhecidos efeitos ao meio ambiente, foi instaurada em 2017 no Brasil a Política Nacional de Biocombustíveis, ou RenovaBio.

Nesse sentido, o principal objetivo é fomentar o mercado dos biocombustíveis, reduzindo assim a dependência da importação de combustíveis fósseis.

Os investimentos registrados no setor só em 2020 somaram 9,6 bilhões de reais. Assim, três quartos do valor foram direcionados à expansão e à renovação dos canaviais, a principal fonte de produção do etanol no país.

Dessa forma, a tendência é que os investimentos no setor sucroalcooleiro sejam intensificados e que, até 2029, a oferta de combustíveis alternativos aos fósseis cresça. 

 

O desafio da estiagem

 

A utilização de novas tecnologias na indústria da cana fez com que a produtividade no Brasil aumentasse consideravelmente, principalmente após a instituição do Programa ProÁlcool.

Entretanto, um dos maiores entraves para o desenvolvimento correto da planta é o estresse hídrico, resultado dos longos períodos de seca. 

Quando a cana-de-açúcar é submetida a falta d’água, as consequências podem aparecer de formas diferentes: interrupção do crescimento, amarelamento das folhas, degradação de proteínas, entre outros. 

Além disso, visto que o ciclo produtivo da cana dura, em média, seis anos, a requisição hídrica é superior às culturas convencionais

É por isso que a irrigação correta vem como a principal saída para garantir a produtividade e a qualidade da cana-de-açúcar. 

 

A cana-de-açúcar irrigada

 

Irrigação de cana-de-açúcar por pivô. Fonte: Revista RPAnews (2020).

De acordo com a Agência Nacional de Águas, a cana-de-açúcar é a cultura que possui a maior área irrigada no país

Porém, a região Centro-Sul, núcleo que concentra mais de 85% da produção nacional, possui irrigação em apenas 17% de suas áreas, que somam 1,72 milhões de hectares. 

Assim, percebe-se a importância da conscientização sobre os benefícios da irrigação correta e inteligente da cana-de-açúcar.

De acordo com o Instituto Agronômico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a irrigação da cana garante o aumento da produtividade e da longevidade do canavial, assim como a segurança da produção relacionada ao déficit hídrico.

Além disso, a irrigação possibilita a melhoria dos atributos qualitativos e a aplicação da vinhaça, bem como o melhor aproveitamento dos nutrientes pela planta.

 

Os métodos de irrigação

 

Ao decidir irrigar, é importante ressaltar que o produtor precisa realizar um estudo sobre a viabilidade de complementar a necessidade hídrica da cultura para a região, além de garantir a disponibilidade de água, tanto em quantidade como em qualidade.

Em seguida, é necessário escolher qual é o método de irrigação mais adequado para o caso. Para a cana-de-açúcar, os métodos mais utilizados, de acordo com a Embrapa, são a irrigação por superfície, irrigação localizada e irrigação por aspersão. Leia abaixo sobre cada um deles:

 

Irrigação por superfície

 

Consiste na distribuição da água por gravidade através da superfície, ou seja: a água é depositada diretamente no solo. Em cana-de-açúcar, o principal sistema utilizado é o de sulcos, sendo normalmente associado ao plantio em fileira dupla.

 

Irrigação localizada

 

A água é aplicada em apenas uma fração do sistema radicular das plantas através de emissores pontuais (gotejadores), lineares ou superficiais.

 

Irrigação por aspersão

 

Consiste no lançamento de jatos de água no ar, que caem sobre a cultura em forma de precipitação, possibilitando abranger uma maior área. É o método predominantemente utilizado na cana-de-açúcar, junto ao sistema de pivôs centrais.

 

O manejo de irrigação da cana-de-açúcar

 

Após implantado o sistema de irrigação, manejá-lo com eficiência e qualidade é de extrema importância para se obter os resultados desejados – e esse é um dos maiores desafios do produtor atualmente.

Dessa forma, dois fatores muito importantes precisam ser levados em consideração na hora de irrigar: quando e quanto.

No que diz respeito à cana-de-açúcar, a irrigação costuma ser feita de duas formas

Na irrigação plena, busca-se atender de forma contínua toda ou parte da demanda hídrica da cultura não atendida pelas chuvas.

Já na irrigação suplementar ou de “salvação”, a irrigação é feita em épocas específicas, com o objetivo de reduzir o efeito do déficit hídrico na fase inicial de desenvolvimento da cultura.

Assim, o ciclo completo da cultura da cana necessita, em média, de 2000 mm de água, distribuídos conforme as demandas de crescimento. No início ou após o corte, quando a planta está brotando e pouco desenvolvida, a necessidade hídrica é baixa (cerca de 2 mm/dia). 

Já no desenvolvimento acelerado, seguido pelo estágio de máximo crescimento, a planta pode exigir índices 200% maiores, ou seja, 6 mm diários. 

Nesse sentido, tecnologias capazes de auxiliar na tomada de decisão, visando a aplicação precisa do volume de água, são de extrema importância para uma irrigação de qualidade.

 

Como saber quando e quanto irrigar?

 

O Agro 4.0 já é uma realidade e veio para auxiliar o produtor no cultivo de alimentos através de tecnologias desenvolvidas no Brasil e no mundo. 

Assim, elas vêm como uma importante aliada não apenas para ajudar a suprir a demanda por maiores produções, mas também para otimizar rendimentos, além de garantir maior segurança nas operações.

No manejo de irrigação da cana e das demais culturas, o nível de água no solo é um dos principais parâmetros para saber quando e quanto irrigar.

Ela pode ser mensurada através de métodos diretos ou indiretos que variam em função de preço, tempo de leitura e precisão das mensurações. Veja abaixo as diferentes tecnologias existentes capazes de monitorar a umidade do solo:

 

Tensiômetro

 

O tensiômetro é uma ferramenta usada para medir a tensão com que a água é retida pelas partículas do solo, também conhecido como potencial matricial. Quanto mais seco estiver o solo, maior a dificuldade a planta tem de absorver água, ou seja, maior será a tensão indicada pelo manômetro e vice-versa. 

 

Sonda de Nêutrons

 

Funciona em solos mais secos, onde os tensiômetros não podem ser utilizados. Embora seja muito prática por medir a umidade sem deformar a amostra do solo, a sonda de nêutrons tem sido pouco utilizada. Isso porque a sua fonte radioativa pode ser prejudicial à saúde.

 

Sensores FDR e TDR

 

Os sensores de reflectometria são os métodos mais apropriados para quem busca praticidade e precisão na tomada de decisão sobre quando e quanto irrigar. São tecnologias que fornecem leituras precisas, rápidas e em diferentes profundidades, em um processo automatizado com medições em tempo real.

 

O sistema Raks de monitoramento da umidade do solo

 

Agora você já sabe a importância da irrigação para a cana-de-açúcar, e como o fornecimento de água de maneira controlada e no tempo certo pode ser decisivo para a qualidade do produto.

É por isso que a Raks oferece um sistema inteligente que permite que você, produtor, saiba com precisão quando e quanto irrigar sua lavoura.

Com sensores de desenvolvimento próprio que medem a umidade do solo, nosso sistema integra dados da planta, clima, solo e sistema de irrigação, auxiliando você na tomada de decisão. 

As medidas são apresentadas de forma simples através do celular ou computador, com gráficos e tabelas, permitindo geração de relatórios e análises detalhadas.

E mais: os sensores Raks utilizam a tecnologia TDR e permitem que você, produtor, verifique em tempo real a umidade do solo. Essa possibilidade de monitoramento fornece segurança na hora de irrigar, fazendo com que a água seja bem aproveitada pelas plantas.

Com o desenvolvimento nacional da tecnologia, nós aliamos duas coisas fundamentais para você: grande precisão e baixo custo. Assim, você vai assumir de uma vez por todas o controle da sua tomada de decisão, produzindo mais com menos recursos.

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