Estiagem na agricultura: como superar esse desafio

A estiagem no Rio Grande do Sul provoca perda de 32,9 bilhões de reais para o agronegócio gaúcho. Saiba como superar os desafios da estiagem na agricultura.

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Os impactos da estiagem no RS
Práticas conservacionistas para superar esse desafio
Irrigação como complemento às práticas conservacionistas

Os impactos da estiagem no RS

As lavouras do  Rio Grande do Sul (RS) foram atingidas por uma forte estiagem na safra 2019/2020. A redução na quantidade de chuvas e temperaturas elevadas causaram grandes prejuízos aos produtores rurais. De acordo com o Sistema Farsul, o impacto será de 32,9 bilhões de reais na economia do Estado. Além de impactar dentro da porteira, essa quebra de produção traz impactos ainda maiores fora dela, já que vários segmentos produtivos dependem do desempenho da agropecuária

Segundo a Emater (2020), a quebra da safra de grãos de verão foi de 22.462.104 toneladas, produzindo 28,7% a menos do que a safra anterior. O RS cultivou cerca de 783 mil hectares (ha) de milho grão nessa última safra, a produtividade média atual das lavouras reduziu cerca de 32% em função da estiagem, passando de 7,7 para 5,3 ton./ha (Figura 1). A soja ocupou cerca de 5,9 milhões de ha na safra 2019/2020 e os efeitos da estiagem foram ainda maiores para essa cultura. A perda média no rendimento de grãos foi de 46%, fechando com produtividade média de 1,8 ton./ha (Figura 1).

Figura 1. Avaliação das perdas de produtividade para a cultura do milho e da soja em decorrência da estiagem na safra 2019/2020 no Rio Grande do Sul. Fonte: adaptado de Emater (2020).

Práticas conservacionistas para superar esse desafio

Existem algumas ações que os produtores podem fazer para amenizar os impactos das estiagens. A adoção de práticas conservacionistas de manejo do solo, como rotação de culturas; processo colher-semear; e utilização de plantas de cobertura são ações reconhecidas pelos produtores. Posteriormente, adoção de sistemas de irrigação podem contribuir significativamente para a manutenção dos rendimentos das culturas.

Períodos curtos de estiagens têm sido uma das causas de frustração agrícola na safra de verão, acentuando o efeito da falta de chuva em lavouras com solos compactados. Em algumas lavouras, normalmente a camada superficial possui elevada fertilidade, favorável ao desenvolvimento das raízes. Já na camada subsuperficial, o solo se encontra compactado, apresentando resistência ao desenvolvimento radicular e muitas vezes, com menor fertilidade. Essa degradação física e química do solo não permite o aprofundamento do sistema radicular, reduzindo o volume de solo explorado pelas plantas para absorção de água e nutrientes, agravando o cenário de estiagem em poucos dias.

Nesse sentido, é fundamental que os produtores realizem rotação de culturas e a implantação de culturas de cobertura no período de outono/inverno. O processo colher-semear, geralmente, da colheita de verão seguido pela semeadura de gramíneas que cobrem a janela de vazio outonal, até a implantação da lavoura de inverno, deve ser sempre realizada (Figura 2). As culturas de cobertura, tanto solteiras como consorciadas, diversificam os sistemas radiculares que exploram o solo, ajudam a manter a atividade biológica e ainda produzem palha que irá cobrir o solo durante o ciclo da cultura posterior. Através da utilização das plantas, seja na safra ou na entressafra, promove-se melhorias na estrutura do solo, responsável pela infiltração e armazenamento de água do solo.

Figura 2. Semeadura da cultura de verão sobre palhada de inverno. Fonte: Mais Soja.

Irrigação como complemento às práticas conservacionistas

A partir da adoção de práticas conservacionistas, os produtores podem diminuir os riscos da estiagem através da irrigação da lavoura. A irrigação visa suprir a deficiência total ou parcial de água para as plantas. Assim, é possível aumentar a produtividade da lavoura ou reduzir as perdas de produção em anos com ocorrência de estiagens. Além desses benefícios, a irrigação pode maximizar a qualidade do produto final, normalmente com maior exigência em frutíferas e hortaliças. Um exemplo dessa aplicação é a irrigação em pomares de Nogueira-pecã, buscando reduzir as perdas de produtividade e manter a qualidade dos frutos.

Figura 3. Sensor HidRAKS 900 monitorando a umidade do solo utilizando o princípio TDR (Time Domain Reflectometry) na cultura do milho em Luís Eduardo Magalhães, Bahia.

Apesar dos benefícios diretos no rendimento das culturas, é necessário a aplicação de critérios técnicos adequados durante a operação dos sistemas de irrigação. O desperdício de água na irrigação acarreta o aumento dos custos de produção, além de comprometer a disponibilidade de água para outros usos. Nesse sentido, o gerenciamento da água de irrigação em períodos de escassez de precipitação é fundamental, e pode aumentar a área irrigada utilizando o mesmo volume de água. Por isso, o uso de tecnologias, como sensores que monitoram a umidade do solo são estratégias que ajudam no gerenciamento da água. Os sensores de umidade do solo por TDR (Time Domain Reflectometry) possuem diversas vantagens, contribuindo para o uso eficiente da água de irrigação (Figura 3).

Para superar uma estiagem não há receita de bolo, porém a adoção de estratégias apropriadas no manejo do solo e da água são indispensáveis. A utilização de práticas conservacionistas do solo buscando aumentar o armazenamento de água no solo aliado ao uso de irrigação, podem favorecer o rendimento das culturas em períodos de baixa precipitação. Dessa forma, é possível incrementar a produtividade, reduzir o uso de água e energia, e capitalizar o produtor rural em períodos de desafios climáticos.

Autor
Dionata Filippi
RAKS Tecnologia Agrícola
dionata@raks.com.br

Fonte: Emater/RS-Ascar. Avaliação de Produtividade e Produção. Safra verão 2019/2020. Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/arquivos_pdf/safra/safraTabela_21052020.pdf

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